Comentários das Liturgias

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ecl 1,2.2-21-23 / Sl 89 / Cl 3,1.5-9-11 / Lc 12,13-21

18oDomingoComum anoC celeiroVivemos em um mundo materialista, que propõe como sentido último da existência humana, o acúmulo de bens materiais. O resultado é, por um lado, a vida fútil e sem sentido daqueles que vivem somente para acumular riquezas e consumir bens supérfluos, e por outro, o sofrimento daqueles que são submetidos ao empobrecimento contínuo, por não terem acesso aos bens necessários para uma vida digna.


Para orientar nossa vida cristã em meio a essa realidade, São Lucas relata a parábola do rico insensato, que tinha uma grande fortuna e, diante da colheita profícua, buscou acumular ainda mais, acreditando que a posse de mais bens seria a garantia de uma vida longa e feliz. Com a parábola, Jesus nos alerta para dois grandes perigos: a ganância e a ilusão de que a nossa vida é garantida pela abundância de bens materiais.
Sempre que meditamos sobre os bens materiais devemos, a partir da teologia da criação, recordar que tudo o que existe é dom de Deus para o bem de toda a humanidade. Deus criou tudo o que existe e chamou o homem para, por meio de seu trabalho, aprimorar sempre mais a obra da criação e dela obter o necessário para uma vida digna. Assim, todos os bens materiais estão à disposição para que todos, e não apenas uma minoria, tenham acesso a eles e possam desfrutar de uma existência digna.


O problema surge quando uma minoria se deixa dominar pelo espírito de ganância e utiliza suas capacidades apenas em benefício próprio e não em vista do bem comum, vivendo em função de acumular sempre mais. Além de privar os irmãos do necessário para viver com dignidade, passam a construir uma existência fútil, alicerçada no consumo de bens supérfluos. O próprio sentido da vida passa a ser determinado por futilidades como grifes e status social. É o alerta que nos faz o Eclesiastes, revelando a fugacidade de todas coisas. Afirma que tudo é fugaz, tudo é vaidade, e ensina que o que realmente importa é poder usufruir do fruto de seu trabalho, edificando uma vida digna.


A ganância é nociva espiritualmente porque nos leva à idolatria. Ser idólatra é aceitar como senhor da própria vida algo ou alguém que não seja o verdadeiro Deus. A ganância conduz à idolatria do dinheiro, dos bens materiais pois, para o ganancioso, nada há além das riquezas que acumula. Enquanto Deus gera a vida, o ídolo produz a morte. Quem idolatra os bens materiais, gera a morte de si mesmo, numa existência vazia e gera a morte do outro, privando-o do necessário.


Jesus também alerta que a idolatria dos bens materiais gera a ilusão de que a abundância de bens garante a vida. Ora, a vida é dom de Deus e somente Ele pode sustentá-la. Embora nossa sociedade capitalista apresente o dinheiro como sendo capaz de comprar tudo, ele não pode comprar a vida. Pode comprar bens que garantam uma vida melhor e até luxuosa, mas não consegue ampliar um segundo sequer de vida.
Como nos ensina a Carta aos Colossenses, nós cristãos que ressuscitamos com Cristo, embora vivamos neste mundo materialista e ganancioso, devemos buscar em primeiro lugar as coisas celestes, vencendo a tentação da idolatria presente nas estruturas sociais que nos envolvem. Devemos nos despojar do homem velho, dominado pela idolatria do dinheiro, para nos revestirmos do homem novo, buscando ser ricos, não diante do mundo, mas ricos diante de Deus na vivência do amor.

 

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