Comentários das Liturgias
SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab / Sl 44 / 1Cor 15,20-27a / Lc 1,39-56
Quando Deus chamou aquela jovem de Nazaré encontrou um coração repleto de fé, que não hesitou em responder sim, apesar de ter consciência de sua humana pequenez. Maria respondeu afirmativamente ao Senhor porque sua fé era firme e consciente. Bem aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu, proclamou Isabel. Maria acreditou na Palavra do Senhor anunciada pelo anjo, aceitando com humildade um caminho que exigiria uma fé inabalável como a rocha
Maria compartilhava com seu povo a esperança messiânica, aguardando o ungido do Senhor que viria para trazer a salvação. Mas ela não imaginava que Deus escolheria uma jovem de origem humilde, que vivia em Nazaré da Galileia, uma região pobre e marginalizada. Iniciava-se assim um longo caminho de discernimento do projeto de Deus, que se revelou, ao longo do tempo, como totalmente diferente dos interesses e propósitos humanos. Um caminho que exigiu de Maria uma fé cada vez mais segura e determinada.
Maria permaneceu com os olhos fitos em Deus, pois o caminho que trilhava trazia situações que exigiam uma confiança total na sabedoria divina e uma entrega plena nas mãos dAquele que havia lhe chamado. Muitas foram as situações enfrentadas por Maria que, somente foram superadas a partir de sua fé. Logo após o anúncio do anjo, Maria, enfrentou o desafio de ajudar José a entender o plano divino, de construir uma família sagrada, alicerçada na vontade de Deus e não nos costumes humanos. Deu à luz seu filho Jesus longe de casa e sem recursos materiais e foi obrigada a fugir para o Egito, para salvar seu filho. As palavras de Simeão, no Templo, anunciavam uma missão marcada pelo sacrifício e pela entrega de si. A perda e o encontro do menino Jesus no Templo, revelava a exigente necessidade de compreender que Jesus devia cumprir a missão recebida do Pai. Maria caminhou com Jesus em sua missão, acompanhando a crescente popularidade por seus atos de amor e a simultânea rejeição diante de sua proposta de doação de sua vida. E finalmente o momento mais doloroso de toda sua vida, acompanhando os passos de Jesus até o Calvário sem nada poder fazer para aliviar suas dores, sem poder evitar a morte de seu amado filho.
Em seu caminho, Maria perseverou na fé e na entrega total a Deus. Por isso as primeiras comunidades cristãs, diante da perseguição que enfrentavam na missão de anunciar Jesus Cristo, identificaram-se com a Mãe de Deus. O livro do Apocalipse relata a figura de uma mulher, que representa a Igreja nascente sendo perseguida pelas autoridades judaicas e romanas. Nessa mulher, os cristãos contemplavam a figura de Nossa Senhora, mãe de Jesus, que também fora perseguida e enfrentou dificuldades em sua vida, mas alcançou a vitória por sua fé no Senhor. A exemplo de Maria, os cristãos sentiam-se chamados a renovar sua fé e confiança no Senhor, para também vencer as tribulações.
Por isso São Paulo, ao anunciar a ressurreição de Cristo, afirmar também a ressurreição daqueles que pertencem a Jesus, que perseveram com firmeza no caminho da fé. E Maria foi o primeiro ser humano a consagrar-se plenamente a Cristo. Celebrar a Assunção de Maria é pois, alegrar-se com a vitória da Mãe de Deus, por sua constância na fé e também reforçar a certeza de que todos nós cristãos, que permanecemos firmes na fé como Maria, também um dia participaremos da vitória de Cristo, em sua glória.