Comentários das Liturgias

31º DOMINGO DO TEMPO COMUM

31º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Sb 11,22 - 12-2 / Sl 144 / 2Ts 1,11 – 2,2 / Lc 19,1-19

zaqueu desceu da arvoreO episódio sobre Zaqueu revela que Jesus veio para salvar a todos, sem distinção, desde que acolham a graça da salvação. Dentro da catequese de São Lucas, o encontro de Jesus com Zaqueu responde à pergunta que os discípulos fizeram sobre quem poderia ser salvo, quando aquele homem rico recusou-se a partilhar seus bens e Jesus destacou a dificuldade para um rico entrar no Reino de Deus: Zaqueu era muito rico e, diante da visita amorosa de Jesus, partilhou seus bens e devolveu quatro vezes mais aos que tinha defraudado.


Observando Zaqueu, percebemos que ele era considerado muito pecador, já que era chefe dos cobradores de impostos. Diante disso entendemos o escândalo que causou para muitos o fato de Jesus entrar na casa de Zaqueu e fazer refeição com eles e com outros pecadores. Fazer refeição significava fazer comunhão de vida. Além de muito pecador e muito rico, Zaqueu era também muito baixo. Essa expressão usada por São Lucas vai além da descrição da estatura física, e indica a condição existencial de Zaqueu. Apesar de muito rico, ele se sentia pequeno, por ser considerado pecador e excluído da salvação.


Por isso, quando ouve falar que Jesus está chegando, ele sobe em uma árvore, para esconder sua limitação humana, para sentir-se superior ao outros. Jesus, porém manda que ele desça, pois quer entrar em sua casa. Esse descer indica a humildade que devemos ter para podemos acolher o Senhor, que quer entrar em nosso coração, entrar em nossa vida. A árvore na qual subiu Zaqueu indica os pedestais humanos que elegemos, como a riqueza, o poder, o prestígio social, para nos sentirmos mais importantes e superiores aos outros. Pendurados em nossos pedestais não conseguimos receber o Senhor; somente quando colocamos os pés no chão da nossa existência humana, com humildade, podemos acolher a graça da salvação que Deus nos concede.


É interessante percebermos que Jesus entra na casa de Zaqueu antes dele manifestar seu propósito de conversão, de partilhar os bens e devolver o que havia roubado. Isso revela a ação de Deus, que vem ao nosso encontro quando ainda estamos no pecado, para que a força do Seu amor nos ajude a mudarmos de vida. Nós, humanos, oferecemos nosso amor depois que o outro muda de vida; Deus, ao contrário, ama-nos quando ainda estamos no pecado, pois quer nos resgatar em seu amor. Esse é o rosto de Deus que reconhecemos já no Antigo Testamento, como nos revela o livro da Sabedoria. Apesar do ser humano ser como um grão de areia ou como uma gota de orvalho, Deus tem compaixão para com todos, não despreza ninguém e trata a todos com bondade. Ele corrige com carinho e repreende quem peca para que se afaste do mal e se converta.


Deus não pune e não castiga, mas é muito bom para com todos e abraça com ternura toda criatura, como revela o Salmo 144. Nesse sentido, São Paulo orienta a comunidade de Tessalônica para não se alamar com anúncios catastróficos sobre o fim do mundo, pois Deus não destrói, mas salva, e convida a uma fé ativa, na prática do bem.


Em meio à sociedade hodierna, que estimula a esperteza, como agia Zaqueu para enriquecer, mas que condena e exclui os pecadores, nós devemos buscar a conversão, acolhendo com humildade a visita do Senhor que vem nos trazer a salvação, e sermos anunciadores da Sua misericórdia, que a todos quer salvar.

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