Comentários das Liturgias

5º DOMINGO DA QUARESMA

5º DOMINGO DA QUARESMA
Is 43,16-21 / Sl 125 / Fl 3,8-14 / Jo 8,1-11

5 Domingo QuaresmaA liturgia deste quinto domingo quaresmal nos traz a certeza de que Deus renova todas as coisas em sua infinita misericórdia. Nossa resposta deve ser uma vida de fé, na qual possamos fazer a experiência de uma entrega total ao Senhor e, assim, sermos no mundo sinal desse amor divino, que não deseja a morte do pecador, mas promover a sua salvação.


O profeta Isaías anuncia aos judeus, exilados na Babilônia, a bondade divina, que não os abandona na escravidão, apesar de terem sido infiéis à Aliança com Deus, o que causou a perda da terra e da liberdade. Recordando o poder divino que libertou o povo da escravidão no Egito, abrindo um caminho no meio do mar, o profeta da esperança anuncia que Deus abrirá uma estrada no deserto, para novamente libertar seus filhos. É a revelação do rosto misericordioso de Deus, que não fica preso à ressentimentos por causa da infidelidade de seu povo, não fica relembrando coisas passadas e nem olhando para fatos antigos, mas que faz surgir coisas novas, renovando a história do povo que escolheu para si.


Estas palavras de Isaías vemos realizarem-se na atitude de Jesus, no episódio da mulher adúltera, narrado por São João. Tal gesto salvífico concretiza o que o próprio Jesus anunciara no capítulo terceiro do mesmo Evangelho: Deus enviou Seu Filho, não para condenar, mas para salvar o mundo. Embora a mulher fosse uma pecadora pública, flagrada cometendo adultério, Jesus não permite que a matem e oferece-lhe uma nova chance: vai e não peques mais. O gesto de Jesus não é uma concordância com o pecado cometido e nem uma cumplicidade com uma vida continuada no pecado, mas revela a confiança que Deus deposita em cada ser humano, criado a Sua imagem e semelhança, de que pode dar um rumo novo à própria vida, pode renovar a sua história.


A mulher pecadora é convidada por Jesus a abandonar a prática do pecado e iniciar um tempo novo em sua vida. Esta é também a atitude que Paulo testemunha, ao afirmar que abandonou tudo depois que conheceu Jesus. Diante da graça em encontrar Cristo, tudo se tornou sem valor, como lixo. O encontro de Paulo com Jesus o fez mudar suas convicções e abandonar o caminho de perseguição aos cristãos, fazendo-se ele mesmo um discípulo missionário. O encontro de Jesus com a mulher adúltera a fez abandonar o caminho do pecado, abrindo um caminho novo em sua história. Nesse sentido São Paulo nos mostra que a justiça não é o mero cumprimento da lei, mas conhecer Jesus, sendo capaz de morrer com Ele, a fim de, com Ele ressuscitar para uma vida nova.


Ressuscitados com Cristo pelo Batismo, devemos evitar o comportamento dos mestres da Lei e os fariseus, que se apresentaram diante de Jesus com pedras na mão. Pedras que pretendiam atirar na mulher e também as pedras da injustiça, com as quais pretendiam acusar Jesus de desrespeitar a Lei. Jesus, sem concordar com o pecado cometido pela mulher, revela a hipocrisia daquelas pessoas que se consideravam perfeitas, mas que não estavam em condições de condenar a morte quem cometesse algum erro. Consciente de que somos todos pecadores, devemos evitar que nossas mãos se encham de pedras que geram a morte do irmão. Antes, precisamos encher nossas mãos com amor, fraternidade, perdão, promovendo a construção de um caminho novo, em nossa história e na história dos irmãos que caíram no pecado.

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