Comentários das Liturgias
3º DOMINGO DA PÁSCOA
3º DOMINGO DA PÁSCOA
At 5,27b-32.40b-41 / Sl 29 / Ap 5,11-14 / Jo 21,1-19
A Palavra de Deus deste terceiro Domingo do tempo pascal nos mostra que Senhor Ressuscitado se revela presente no meio da comunidade que celebra sua fé e, vive essa fé celebrada, na missão de anunciar o Evangelho da vida e da salvação.
São João nos apresenta um retrato simbólico da vida das primeiras comunidades. A missão, simbolizada na pesca, corre o risco de não produzir frutos, pois as redes estavam vazias; o motivo era que o Ressuscitado estava na margem, e não na barca. Somente quando os apóstolos escutam a voz do Senhor, deixando-se guiar por ela, é que as redes se enchem de peixes. Os cento e cinquenta e três peixes que enchem as redes indicam todas as espécies de peixes conhecidas na época, mostrando que a missão da Igreja é universal, estendendo-se a todos os povos e nações. O discípulo amado é o símbolo do cristão que reconhece a presença de Jesus na história e na missão da Igreja e anuncia essa presença aos irmãos. Ao seu anúncio, Pedro veste sua roupa, superando a fraqueza humana que o levou a negar Cristo, simbolizada na nudez, e assume a missão de conduzir a comunidade na missão. O encontro com Jesus na margem é uma liturgia, é a celebração da presença do Ressuscitado no meio da comunidade, numa oferta mútua de dons: Jesus os espera com a refeição, mas pede que tragam alguns dos peixes que apanharam. É assim em cada Eucaristia que celebramos como Igreja: levamos para o altar os frutos que produzimos em nossa vida, os quais são transformados no dom de Deus a nós oferecido, no Corpo e no Sangue do Senhor.
Essa liturgia que celebramos, como Igreja, na terra, é o eco da liturgia celeste, como revela o livro do Apocalipse. É a mesma e única Igreja, que se reúne diante do Trono e do Cordeiro, para proclamar a vitória do Senhor Ressuscitado. Todo o universo, simbolizado nas criaturas, manifesta seu louvor e sua adoração ao Cordeiro, que foi imolado, mas que manifesta sua vitória sobre a morte. Assim pois, nesse contexto de celebração da fé e de vivência dessa fé por meio do amor, somos confirmados no caminho do Senhor, como Pedro foi confirmado na missão de conduzir o rebanho de Cristo.
Essa missão de anunciar a ressurreição de Jesus, assumida pela Igreja, é testemunhada no relato dos Atos dos Apóstolos. Por serem fiéis ao Evangelho, os apóstolos são perseguidos e presos. O Sinédrio havia proibido os apóstolos de anunciarem a palavra de Jesus. Mas Pedro proclama firmemente que eles preferem obedecer ao Senhor, que lhes enviara em missão, do que obedecer aos homens. Por causa dessa resistência e dessa perseverança na missão, os apóstolos foram castigados. Mas, ao invés de se deixarem dominar pelo medo ou se sentirem envergonhados, ficaram alegres em sofrer por causa da fidelidade a Jesus Cristo.
Somos pois, uma Igreja que se reúne em cada Eucaristia para louvar o Senhor, celebrando a vitória de Cristo sobre a morte. Para essa celebração levamos os frutos da nossa vida, da missão que realizamos, para entregar ao Senhor. E, nesta celebração que une o céu e a terra, recebemos a graça divina que nos anima para continuarmos, perseverantes, no caminho do Senhor, mesmo enfrentando adversidades. É a celebração da vitória do Senhor Jesus, em cada Eucaristia, que nos fortalece para, em todos os tempos e lugares, obedecermos primeiro a Deus do que aos homens.