Comentários das Liturgias
SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA
SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA
Es 5,1-2;7,2-3 / Sl 44 / Ap 12,1.5.13.15-16 / Jo 2,1-11
A ternura materna molda nossa existência humana, tornando-nos pessoas capazes de amar e de estabelecer relacionamentos fraternos. Da mesma forma, a presença materna de Nossa Senhora em nossa caminhada de cristãos nos ajuda a experimentar mais intensamente o amor de Deus e a viver em comunhão com os irmãos. O carinho que o povo brasileiro tem por Nossa Senhora Aparecida é o carinho de filhos, que se sentem envolvidos pela ternura materna e reconhecem sua constante intercessão, especialmente pelos mais sofredores, como revela seu rosto negro ao nosso país onde ainda persiste o racismo.
A Sagrada Escritura mostra a importância de Maria na vida e missão de Jesus e da Igreja, como podemos perceber no episódio das bodas de Caná. Este foi o primeiro sinal realizado por Jesus segundo o Evangelho narrado por São João. Cada um dos sete sinais indica um aspecto da Hora de Jesus, ou seja, de sua paixão, morte e ressurreição. O vinho novo naquelas bodas indica que Jesus realiza a nova e eterna aliança. Maria, nesse contexto, simboliza o povo da Primeira Aliança que permanece fiel e percebe que o vinho estava acabando, ou seja, que a fé do povo estava enfraquecendo, e reconhecendo que somente Jesus poderia oferecer o vinho novo da salvação.
Além disso, suas palavras aos serventes da festa é um eterno convite a todos os cristãos: façam tudo o que meu Filho disser. E nas diferentes ocasiões em que Nossa Senhora se manifestou à humanidade no decorrer da história, nunca pediu algo para si, mas sempre convidou os cristãos à conversão e a intensificar a vida de oração, buscando uma fidelidade maior a seu filho Jesus. Maria assim, se coloca a serviço da missão salvífica de seu filho, estabelecendo um novo relacionamento com Ele, e convida-nos a fazer o mesmo; dessa forma, já não mais dissemos "o Jesus de Maria", mas agora "a Maria de Jesus". E também nós devemos nos fazer servos de Jesus, como nos ensina Nossa Senhora.
A devoção e o carinho à Mãe de Jesus não é privilégio dos brasileiros, mas de todos os cristãos, em todos os tempos da história. Maria sempre esteve presente na vida da Igreja, amparando os cristãos com seu amor materno, ajudando os discípulos a viverem com fidelidade o projeto de Deus. O livro do Apocalipse apresenta a imagem da mulher que dá à luz e que enfrenta o terrível dragão, fazendo referência à luta de Maria contra o poder de Herodes para salvar o Menino Jesus. Com a figura da mulher perseguida que é protegida por Deus, o texto quer animar as comunidades daquela época, que estavam sendo perseguidas pela força do império romano, e a nós hoje, que também enfrentamos dificuldades para permanecermos fiéis ao projeto de Deus.
Daquele gesto carinhoso de Maria, diante da tribulação que enfrentariam os noivos com a falta do vinho, brotou no coração dos cristãos a certeza do poder intercessor de Nossa Senhora. Da mesma forma como intercedeu junto a seu Filho nas bodas de Caná, Maria continua intercedendo por todos os cristãos que recorrem ao seu amor materno. É o mesmo gesto intercessor que contemplamos em Ester, que utiliza de seu prestígio junto ao rei para suplicar pela vida de seu povo. Nossa Senhora, junto de seu filho Jesus, continua intercedendo por todos nós, para que sejamos fortes nos momentos de tribulação e possamos permanecer fiéis ao Senhor, fazendo tudo o que Jesus nos ensina.