Comentários das Liturgias

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Jó 38,1.8-11 / Sl 106 / 2Cor 5,14-17 / Mc 4,35-41

tempestadeA liturgia deste domingo nos convida a meditar sobre a nossa fé em Jesus Cristo e suas consequências em nossa vida. A fé é, num primeiro momento, um dom divino, uma graça concedida a todas as pessoas. A iniciativa é de Deus, que gratuitamente vem ao nosso encontro e oferece a comunhão em Seu amor, pois nenhum ser humano pode chegar a Deus por suas próprias forças. Porém, na medida em que formos criados para a liberdade, a fé também possui uma contrapartida humana. A nossa resposta ao dom de Deus realiza-se em duas dimensões: racional e existencial. Cremos quando racionalmente compreendemos o plano divino e a ele aderimos com consciência e liberdade, aceitando construir nossa história pessoal e social, segundo Sua Palavra. E, além disso, a vivência da fé em Jesus Cristo oferece uma orientação específica à nossa vida, à construção da nossa existência humana. Em nossa relação com o Senhor, encontramos o sentido para as situações que transcendem a nossa capacidade racional de compreensão. Na intimidade de fé com o Senhor, somos amparados e fortalecidos em nossas fragilidades humanas.

A narrativa da tempestade no mar da Galileia convida-nos a aprofundar o sentido da nossa fé em Jesus Cristo. Em seu Evangelho, São Marcos quer reafirmar no coração dos discípulos a resposta sobre quem é Jesus, e apresentar as atitudes que é preciso ter para segui-lo. A reação dos discípulos no final do episódio, questionando sobre aquele homem, a quem o vento e o mar obedeciam, revela a falta de compreensão sobre quem realmente era Jesus. Na concepção cosmológica da época, somente Deus poderia agir sobre os fenômenos naturais, como destaca o livro de Jó ao salientar a supremacia do poder divino, recordando Sua ação sobre o mar. Dessa forma, ao afirmar que Jesus controlava o vento e o mar, os discípulos estavam reconhecendo-O como Deus. Entretanto, era muito difícil para eles aceitarem que Jesus de Nazaré, revestido da fragilidade humana, era o Messias esperado, era o próprio Deus.

Esse episódio vivenciado pelos discípulos também revela a dimensão existencial da fé. Diante da força do vento e do perigo do mar, que ameaçavam suas vidas, os discípulos ficam com muito medo. Sabiamente recorrem a Jesus, suplicando que intervenha e os salve. Jesus adverte sobre a falta de fé, pois eles deixaram-se dominar pelo medo, não confiando que Ele, presente no barco, os protegia. Percebemos, pois, uma relação intrínseca entre o medo e a falta de fé. Na medida em que nossa fé é frágil, pequena, nosso medo aumenta. Ter fé implica também a dimensão existencial de confiar na presença de Deus em nossa vida, nEle depositar nossos temores, e dEle receber a força que nos sustenta em nossas fragilidades. É isso também o que nos ensina Jó, um homem marcado pelo sofrimento e pelas tribulações, mas que reconhece pela fé, que Deus é o Senhor de sua história e nEle confia plenamente, deixando-se conduzir por Seu amor. Dessa forma, a vivência da fé reveste a existência humana da presença divina, dando-lhe novo sentido. É o que nos ensina São Paulo, ao afirmar que quem está em Cristo, ou seja, quem não vive para si mas para Ele, é uma nova criatura.

Busquemos pois, sempre mais acolher o dom divino da fé, e aderindo plenamente ao Senhor, encontrarmos nEle o sentido e a força para a nossa vida, especialmente quando as tempestades da vida revelam ainda mais a nossa fragilidade humana.

 

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