Comentários das Liturgias
15º DOMINGO DO TEMPO COMUM
15º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Am 7,12-15; Sl 84; Ef 1,3-10; Mc 6,7-13
A Palavra Divina deste domingo nos mostra como Deus age na realidade através de pessoas que Ele chama e envia em seu nome, para levar Sua presença e Seu amor. São Paulo, na introdução de sua carta à comunidade de Éfeso, fazendo a saudação, ensina que Deus tem um plano para todos nós, desde o momento que fomos criados em Seu amor. Deus nos escolheu para sermos santos, nos predestinou a sermos Seus filhos adotivos, nos libertou em Jesus Cristo e nos fez conhecer o mistério de Sua vontade. Diante de tamanha benevolência, nos perguntamos: por que Deus dignifica tanto o ser humano. Certamente não é para nosso deleite pessoal, ou para nosso bem-estar subjetivo, mas em vista de uma missão no meio do mundo. Deus nos escolhe e nos revela a Sua vontade, para que sejamos sinal de Seu amor nos ambientes em que vivemos. Ele nos envia, para sermos Seus servidores e instrumentos de Seu amor que salva.
Nesse sentido, o envio missionário dos discípulos revela a vontade divina, de que sejamos instrumentos de Seu amor e da graça da salvação. Jesus confere aos discípulos a continuidade de Sua própria missão. Pregar a conversão, expulsar demônios e curar doentes resume a missão recebida, ou seja, a libertação integral da pessoa de toda forma de mal, seja físico ou espiritual. Jesus não confere aos discípulos o poder sobre as pessoas, pois ninguém pode dominar o outro; a autoridade recebida é para libertar de toda forma de mal.
Alguns aspectos se destacam no envio missionário que Jesus confere aos apóstolos: a missão exige a libertação de toda forma de apego, seja material ou mesmo afetivo, pois quem se deixa prender pelos bens, desejo de riqueza ou mesmo afeto por pessoas, não consegue se colocar em missão, ou não é capaz de ser instrumento de libertação. Outro aspecto é a confiança na providência divina, que não abandona aquele que se coloca a serviço do Reino, e sempre provê o necessário para a missão. E finalmente, ser um instrumento de Deus, na certeza de que, se alguém não receber a mensagem da salvação, a rejeição nunca é para a pessoa do missionário, mas é o próprio amor de Deus que está sendo rejeitado.
Encontramos um testemunho dessa consagração exclusiva ao Senhor em Amós, um simples pastor e agricultor, convocado por Deus para ser Seu profeta. Amasias, querendo impedir que Amós continuasse denunciando o pecado do rei e do povo, ameaça expulsá-lo da região. O profeta se mostra livre e desprendido diante do poder humano que gera a opressão. Diferentemente dos chamados profetas profissionais, que estavam a serviço do Rei e se submetiam aos seus interesses para obter vantagens materiais, Amós não busca vantagens materiais para si mesmo, pois está unicamente a serviço do Senhor, que o convocou para a missão. Este desprendimento de Amós diante dos poderes políticos e econômicos da sua época garante a fidelidade plena ao projeto de Deus.
Contemplando o gesto de Jesus em enviar os apóstolos dois a dois, reconhecemos o sentido de ser da Igreja. Os apóstolos não vão em missão isolados, mas sempre em comunhão. É a Igreja que recebe o mandato missionário de Jesus. Hoje, nós, escolhidos pelo Senhor desde a eternidade, somos essa Igreja, enviada por Jesus com a missão de transformar a realidade, libertando as pessoas de toda forma de mal, fazendo acontecer a vontade de Deus, de amor, de justiça e de paz.