Comentários das Liturgias

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Dt 30,10-14 / Sl 18B / Cl 1,15-20 / Lc 10,25-37

Domingo XV do Tempo ComumJesus Cristo é a imagem do Deus Vivo, o primogênito de toda a criação e, por meio dele, Deus fez com toda humanidade a Nova e Eterna Aliança, concedendo a salvação em Seu sangue derramado na cruz, como nos ensina São Paulo. Somos, pois, convidados a tomar posse dessa salvação e permanecer no caminho do Senhor, para usufruir todas as graças e bênçãos de Deus.


Para nos conservar no caminho da salvação, o Senhor nos oferece os mandamentos, não como um peso, mas como uma proposta amorosa que nos garante a comunhão com Ele e que gera a vida em abundância para todos. Os mandamentos são nossa parte na Aliança com Deus, que precisamos cumprir, como mostra o livro do Deuteronômio, ao narrar a Aliança de Deus com o povo de Israel. Os mandamentos não são algo difícil demais e nem estão fora do alcance do ser humano, pois o Senhor não exige algo que não possamos realizar.


Nesse sentido, a parábola do bom samaritano ensina como podemos viver os mandamentos do Senhor, resumidos no amor a Deus e ao próximo. Diante de uma pessoa necessitada, o samaritano é capaz de ter compaixão, de se deixar tocar pelo sofrimento do irmão. A compaixão não é um sentimento intimista, que nos permite permanecer de braços cruzados diante do irmão sofredor. A compaixão sempre se traduz em gestos concretos de solidariedade. E como vemos na parábola, a solidariedade é exigente, pois implica na doação do que temos de mais precioso: proximidade, tempo e bens materiais. Ninguém consegue ser solidário de longe. É preciso aproximar-se daquele que sofre e estender a mão para socorrê-lo. Mas para que isso aconteça, é preciso gastar o precioso tempo de nossa vida. O samaritano interrompe a viagem, altera sua rotina para cuidar do ferido e para levá-lo à hospedaria. A solidariedade implica também ser capaz de usar dos bens materiais para promover a vida, como fez o samaritano ao pagar os gastos com o ferido.


Podemos ficar surpresos com a atitude do sacerdote e do levita, que, ao verem o ferido, passaram longe. Entretanto, eles estavam seguindo os preceitos religiosos e culturais da época. Se tivessem tocado naquele homem, ficariam impuros e não poderiam entrar no Templo. Não fizeram, pois, nada de absurdo. Quem transgrediu a ordem social e cultural foi o samaritano, que se aproximou e cuidou de um desconhecido.


Em nossa cultura atual, também existem preceitos que nos fazem desviar do irmão necessitado como fizeram o sacerdote e o levita, sem sentirmos peso na consciência. O modelo social de extrema competitividade nos torna concorrentes uns dos outros e até adversários. O outro é visto como um obstáculo a ser superado e não um irmão a ser socorrido. Igualmente, a cobrança que recebemos de produzir sempre mais, torna a agenda da nossa vida lotada de compromissos; estamos sempre atrasados e por isso não temos tempo para ajudar quem necessita. E é claro, o apego aos bens materiais nos impede de partilharmos o pouco que temos com quem tem menos do que nós. Além disso, a realidade de violência nos enclausura no medo de nos aproximarmos dos necessitados.


Precisamos transgredir essa cultura da indiferença e do egoísmo que existe em nosso mundo, para que, movidos pela compaixão, possamos globalizar a solidariedade. Assim, vivendo o mandamento do amor a Deus e ao próximo, perseveramos na aliança de amor com Deus e tomamos posse da salvação que Ele nos concedeu.

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