Comentários das Liturgias

20º DOMINGO DO TEMPO COMUM

20º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Jr 384-6.8-10 / Sl 39 / Hb 12,1-4 / Lc 12,49-53

JesusOrandoJesus, no Evangelho deste domingo, convida-nos a um discernimento profundo sobre o discipulado, tendo clareza das consequências dessa opção. Suas palavras precisam ser interpretadas de forma correta, situadas no conjunto de seus ensinamentos e de sua vida, para não serem compreendidas de forma equivocada ou serem manipuladas por interesses contrários ao projeto do Reino de Deus.


Como nos ensina a Carta aos Hebreus, precisamos manter os olhos fixos em Jesus, que está a caminho de Jerusalém, onde vai suportar a cruz sendo fiel ao projeto do Reino, mas com a certeza de que alcançará a alegria da ressurreição. Este é o batismo que Jesus está prestes a receber e que o angustia. E neste caminhar, Jesus provoca os discípulos e a nós, a fazer uma opção clara e definitiva pelo Reino. Sua afirmação sobre o fogo lançado sobre a terra deve ser entendido a partir do simbolismo do fogo na narrativa de São Lucas, que descreve a manifestação do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, em línguas de fogo. É o fogo do Espírito Santo que Jesus quer lançar sobre a terra, para trazer o discernimento e também a purificação de todo pecado. Não se trata do anúncio do fim do mundo, destruído pelo fogo, mas a destruição das estruturas sociais e culturais alicerçadas no pecado e que são um obstáculo para a realização do Reino de Deus.


Ao afirmar que não veio trazer paz sobre a terra, Jesus não defende a guerra e nem qualquer tipo de violência. A paz que Jesus rejeita é a paz que havia na sua época e que era fruto da opressão do Império Romano, que sufocava, com a morte na cruz, qualquer oposição ou crítica. Jesus também rejeita a paz da acomodação e da apatia, que faz aceitar todos os caminhos e propostas como sendo de igual valor. Por isso Ele afirma que veio trazer divisão. Não se trata da divisão causada pela exclusão ou marginalização de pessoas, mas a divisão enquanto discernimento, que nos faz distinguir entre o que colabora e o que impede a realização do Reino de Deus. Jesus não quer a divisão entre pessoas, pois propõe o caminho do amor e da fraternidade. A divisão apontada por Jesus a partir da família revela uma realidade que os cristãos, na comunidade de Lucas, quando o evangelho foi escrito, anos depois, estavam enfrentando. Muitos eram rejeitados por seus familiares por serem cristãos e até denunciados ao Império Romano, sendo presos e martirizados. É a rejeição e a perseguição que muitos cristãos sofrem ainda hoje, até mesmo por seus familiares e amigos, por dedicarem-se à missão evangelizadora, ou por perseverarem no caminho da honestidade, da verdade, por defenderem a justiça social.

Nesse sentido entendemos a perseguição sofrida pelo profeta Jeremias, que foi jogado na cisterna para morrer na lama, numa trama dos príncipes da época, que estavam incomodados com o anúncio da Palavra do Senhor feita pelo profeta.


Jesus convida-nos a buscar sempre mais o discernimento que faz uma divisão clara entre o que realiza e o que dificulta a manifestação do seu Reino em nossa realidade hoje. Precisamos superar a paz da acomodação e da apatia, que torna nossa fé morna e em cima do muro, e também rejeitar toda proposta de construir a paz por meio da violência das armas e da guerra. Mesmo enfrentando perseguições, devemos permanecer com os olhos fixos em Jesus, resistindo firmemente na luta contra o pecado.

 

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