Comentários das Liturgias

22° DOMINGO DO TEMPO COMUM

22° DOMINGO DO TEMPO COMUM
Eclo 3,19-21.30-31 / Sl 67 / Hb 12,18-19.22-24a / Lc 14,1.7-14

22odomingoComum anoC melhorLugarA Palavra de Deus deste domingo nos traz o convite para cultivarmos duas virtudes fundamentais do cristão, que estão se tornando raras em nossa sociedade: a humildade e a gratuidade. Em nossa cultura hodierna, que valoriza quem se sobressai sobre os demais, a humildade é vista mais como um defeito do que uma virtude. E na estrutura capitalista na qual estamos inseridos, baseada no comércio, a gratuidade também é uma atitude desvalorizada, pois o fundamental é lucrar em todas as situações.


O contexto do ensinamento de Jesus é um banquete na casa de um dos chefes dos fariseus, num dia de sábado. Sendo o chefe dos fariseus uma pessoa importante, podemos inferir que aquela refeição era um acontecimento social de grande importância e que as pessoas de maior prestígio estavam tomando parte nele. Jesus, percebendo a disputa para ocupar os primeiros lugares, conta uma parábola mostrando que, num banquete, é mais prudente ocupar um lugar humilde e ser convidado a tomar um lugar de honra do que ocupar um lugar de destaque e ser convidado a dirigir a um lugar menos importante, o que seria motivo de grande vergonha. Mais que uma parábola, as palavras de Jesus são uma correção franca e direta aos fariseus que disputavam os lugares de honra naquela refeição. A proposta de Jesus é que sejamos humildes para sermos elevados por Deus, pois se desejarmos nos elevar acima dos outros, estaremos sendo movidos pelo orgulho, que nos torna menores do que todos.


Como nos ensina o livro do Eclesiástico, o orgulho é um mal sem remédio, pois está enraizado no pecado da rejeição a Deus. O orgulhoso não aceita curvar-se diante de ninguém, nem mesmo diante do Altíssimo, pois se considera autossuficiente. O humilde reconhece que, por mais qualidades e capacidades que possua, não consegue viver sem Deus. Os humildes colocam-se na presença do Senhor reconhecendo a grandiosidade do mistério que lhes é revelado, como nos mostra a Carta aos Hebreus, ensinando que em Jesus Cristo podemos nos aproximar da graça divina. Fazer-se pequeno diante do Senhor em nada diminui a dignidade humana, mas abre um caminho de comunhão com Deus, que revela Seus mistérios aos que O acolhem a partir de sua condição humana.


Em seguida, Jesus, percebendo que a motivação da participação naquela festa não era a fraternidade sincera, mas o jogo de interesses e troca de favores, adverte o fariseu que o havia convidado a cultivar a gratuidade. Sendo um acontecimento social importante, aquela refeição era uma oportunidade para o fariseu angariar favores de seus convidados. Mas o que Jesus propõe é convidar pessoas pobres e excluídos, que nada podem retribuir, para assim, receber somente a graça divina em nossa vida. A atitude do amor gratuito, desinteressado, nos aproxima do Senhor, pois é assim que Ele nos ama. Quando realizamos uma ação esperando receber algo em troca, o interesse em obter vantagens é mais determinante que o bem que estamos fazendo e assim perdemos a pureza do amor gratuito que vem de Deus.


A humildade e a gratuidade são duas virtudes que se complementam, pois rompendo o desejo de estar acima dos demais, podemos estabelecer relações desinteressadas, sem a intenção de obter vantagens. O que nos torna pessoas melhores, mais próximas de Deus, não é o lugar de destaque que ocupamos na sociedade, mas a capacidade de fazer o bem sem esperar nada em troca, empenhando-se em criar relações de igualdade e de fraternidade.

 

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