Comentários das Liturgias

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Hab 1,2-3; 2,2-4 / Sl 94 / 2Tm 1,6-8.13-14 / Lc 17,5-10


feA liturgia deste domingo convida-nos a meditar sobre o sentido da fé e suas implicações em nossa vida. Nossa Igreja ensina que a fé, em primeiro lugar, é um dom de Deus. É o Senhor que vem ao encontro do ser humano, revelando Seu plano de amor, oferecendo a possibilidade de um encontro profundo que dá sentido à vida. Mas como Deus nos criou livres, cada pessoa pode escolher aceitar ou não essa graça da salvação. Por isso, num segundo momento, a fé é também uma decisão humana. A quem aceita o Senhor, Ele vem e faz morada, manifestando Sua benevolência infinita. E um terceiro aspecto da fé é de ser sempre eclesial, comunitária. A Bíblia nos ensina que Deus se revelou a um povo e, em Jesus Cristo, formou o novo povo, na Nova Aliança. O encontro entre Deus e cada pessoa não acontece no isolamento e na solidão do individualismo, mas sempre no interior de uma vivência de comunhão, manifestada em gestos de fraternidade.


A partir da realidade social em que vivia, nos anos que antecederam o exílio na Babilônia, o profeta Habacuc nos apresenta um diálogo existencial entre o ser humano e Deus. Buscando compreender o sentido da realidade, marcada pela violência e pela maldade, o homem questiona a ação de Deus, e Este convida-o a uma entrega confiante na ação de Sua sabedoria que conduz a história. A fé, mais do que um conjunto de doutrinas a serem seguidas, é um gesto de entrega total e confiante no amor de Deus. A afirmação de que o justo viverá por sua fé mostra que a fé tem uma implicação ética, na medida em que orienta as escolhas e decisões, conservando a pessoa no caminho do Senhor.


No Evangelho, diante do pedido dos discípulos: "Senhor, aumenta a nossa fé", Jesus mostra o poder da fé, que é capaz de transformar a realidade. A fé torna possível o que transcende a capacidade humana, pois acolhe a ação de Deus, para quem nada é impossível. Entretanto, para que o poder da fé não seja entendido como um comércio com Deus, Jesus mostra a atitude correta que uma pessoa de fé deve ter diante do Senhor. A fé não é a garantia da realização de todos os desejos; ao contrário, é uma atitude de humilde reconhecimento da grandiosidade de Deus e a necessidade de colocar-se inteiramente em Suas mãos. O gesto do serviço não indica uma atitude de escravidão perante o Senhor, mas a consciência da condição de criatura diante do criador. Aquele que tem fé, não manipula o Senhor para obter favores e vantagens materiais, mas aceita servir ao Senhor na alegria. A expressão “servo inútil” indica que o gesto da pessoa em curvar-se diante de Deus não nega sua dignidade e nem é uma situação de inferioridade, mas o reconhecimento de sua realidade humana. A distorção ocorre quando a situação se inverte e o ser humano considera-se acima de Deus, pensando que pode controlar a ação divina.


São Paulo exorta Timóteo, e a cada um de nós hoje, a reavivar o dom de Deus e a guardar o precioso depósito, ou seja, manter sempre viva a fé no Senhor e a Sua presença em nós. Essa presença do Senhor em nossa vida nos faz vencer a timidez e o medo e nos dá a força necessária para colocar nossos dons a serviço do Senhor, testemunhando Seu amor e Sua bondade.

Liturgias Anteriores

Previous Next
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8