Comentários das Liturgias

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Eclo 35,15-17 / Sl 33 / 2Tm 4,6-8 / Lc 18,9-14

jesusAbracoA liturgia deste domingo nos ensina que o caminho para alcançarmos a graça de Deus passa pelo reconhecimento humilde de nossas fragilidades, e por uma entrega confiante à bondade divina. Em nosso mundo hodierno, marcado pela valorização do maior, do mais importante, nem sempre é fácil assumir as próprias limitações. A consciência das capacidades pessoais, se for alicerçada na arrogância e na prepotência, e no desejo de desprezar o outro, torna-se um obstáculo para experimentar a graça divina.


É o que nos ensina Jesus com a parábola do fariseu e do publicano, contada justamente para alertar àqueles que confiavam somente em sua própria justiça e desprezavam os outros. O fariseu, reconhecidamente um homem fiel a Deus, era alguém que se emprenhava ao máximo para cumprir toda a Lei revelada na Antiga Aliança. Já o publicano, ou cobrador de impostos, era uma pessoa considerada um pecador público, por estar a serviço e lucrar com a dominação do Império Romano, que oprimia o povo com impostos. Aos olhos humanos, o fariseu estava salvo e o publicano estava condenado. Entretanto, Jesus mostra que o fariseu não alcançou a salvação, pois em seu diálogo com Deus, manifestou a arrogância de alguém que se considerava salvo por suas próprias capacidades. E o cobrador de impostos voltou para casa justificado porque assumiu com humildade sua condição humana.


Deus não faz distinção entre as pessoas, pois quer salvar a todos em seu amor, como explicita o livro do Eclesiástico. No entanto, o Senhor acolhe o clamor da viúva e do órfão, ou seja, escuta aqueles que, em sua pequenez humana, confiam inteiramente em Seu amor. Meditando a parábola contada por Jesus, percebemos que não é Deus quem faz a distinção entre eles, justificando um e não o outro, mas a própria atitude humana manifestada diante do Senhor. O fariseu acreditava que já estava salvo somente porque se emprenhava em observar a Lei, e por isso, não necessitava da graça divina. Já o publicano, reconhecendo-se pecador, rompeu o muro da prepotência e entregou-se confiante à misericórdia divina.


Quando exacerbamos o valor das nossas capacidades humanas, somos tentados a fechar nosso coração para o Senhor, dispensando sua graça e, por consequência, fechar também o nosso coração aos irmãos, nos considerando superiores e em condições de condená-los por suas imperfeições. Mas quando reconhecemos nossas limitações, buscamos confiantes a misericórdia de Deus e aprendemos a ser misericordiosos com nossos irmãos. Essa experiência de entrega confiante à graça divina percebemos no testemunho de São Paulo, fazendo uma avaliação de sua missão, ao final da sua vida. Paulo foi o grande anunciador da graça e da misericórdia divina, pois ele fez a experiência de reconhecer-se pecador, por perseguir as comunidades cristãos, e de ser resgatado por Cristo.


Devemos colocar nossa confiança no Senhor, que nos socorre em nossas fragilidades, como testemunhou São Paulo, que enfrentou perseguições em sua vida de missionário e foi socorrido pela graça divina. Também devemos nos empenhar em combater o bom combate da fé, buscando sempre mais corresponder ao grande amor que Deus tem por todos nós, mas sem esquecer que carregamos esse tesouro em vasos de barro, envolvido em nossas fragilidades humanas. Somos chamados a dar testemunho da alegria de pertencer ao Senhor, mas sem esquecer nossa realidade humana, com suas fraquezas e imperfeições. Quanto mais humildes formos, mais o Senhor nos elevará. Quanto mais misericórdia recebermos de Deus, maior é nosso compromisso em sermos misericordiosos com nossos irmãos.

Liturgias Anteriores

Previous Next
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8