Comentários das Liturgias

1º DOMINGO DO ADVENTO

1º DOMINGO DO ADVENTO
Is 2,1-5 / Sl 121 / Rm 13,11-14a / Mt 24,37-44

1 domingo do adventoO tempo do Advento não é apenas a caminhada de preparação para a celebração do Natal, mas um itinerário que nos educa espiritualmente para acolher o Senhor que vem a nós em cada momento da nossa história. Nos primeiros domingos celebramos o Advento Escatológico, preparando-nos para a vinda gloriosa do Senhor e, a partir de 17 de dezembro, o Advento Natalino, manifestando a alegria pelo nascimento de Jesus. É o tempo de compreendermos que, o mesmo Senhor que veio ao encontro da humanidade, assumindo nossa condição humana, virá em sua glória, na manifestação plena do seu Reino de amor, de justiça e de paz.


A espiritualidade deste primeiro domingo convida-nos a meditar sobre a vinda gloriosa do Senhor, a qual deve ser compreendida de forma dinâmica e não estática. A manifestação gloriosa do Senhor, ou a vinda do Filho do Homem, como disse Jesus, é o ápice do processo de plenificação do projeto de Deus, de salvação para toda humanidade. É, pois, uma caminhada de vitória da vida e do amor sobre o pecado e a morte. A vinda gloriosa do Senhor não significa o temido fim do mundo, pois Deus não destruirá sua criação, mas à plenificará. Infelizmente, a devastação da criação é resultado da ganância e da prepotência dos homens que não administram sabiamente a obra de Deus.


O profeta Isaías anuncia os últimos tempos destacando duas características: a comunhão e a paz. Rompendo com o exclusivismo da cultura judaica, Isaías anuncia que todos os povos e nações serão reunidos no monte da casa do Senhor. A cidade de Jerusalém, edificada sobre o monte Sião, é apresentada como a fonte da sabedoria, dissipando a luz da Palavra do Senhor, a qual guiará todos os povos na verdadeira justiça que promove a paz. Nesse sentido, quando Isaías anuncia que o Senhor julgará toda a humanidade, não se trata de um ato de condenação. Julgar significa fazer acontecer a justiça divina, a qual realiza a plena humanização de todas as pessoas; por isso o profeta anuncia que os instrumentos de guerra, espadas e lanças, serão transformados em instrumentos de trabalho, o arado e a foice, por meio dos quais se obtém o alimento, condição para que todos tenham uma vida plena. Da mesma forma, não haverá mais combates nem guerra, pois todos serão guiados pela luz do Senhor.


Nossa atitude diante desse projeto de Deus deve ser de vigilância e de participação ativa. Jesus nos orienta para que fiquemos atentos e preparados. Atentos para perceber os sinais que Deus manifesta na história; preparados para responder a esses sinais divinos com decisões e atitudes que colaborem para que a justiça e a paz aconteçam. Orientação semelhante nos traz São Paulo, ao escrever aos cristãos de Roma, salientando que é preciso despertar, pois a salvação está cada dia mais próxima, e pedindo que se revistam de Cristo, abandonando as ações das trevas, do pecado, vestindo-se das atitudes da luz.


Em nossa realidade atual coexistem extremos, daqueles que não acreditam na realização plena justiça de Deus e daqueles que entendem o fim dos tempos como sendo de catástrofe e destruição. Cabe-nos um profundo discernimento, esperando confiante a vitória do Reino de justiça, de amor e de paz, que nada destruirá, a não ser o pecado e a morte. E principalmente, colocarmo-nos a serviço desta vitória de Deus, guiados por sua luz, com atitudes concretas que promovam a dignidade humana, edificando um mundo de comunhão.

 

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