Comentários das Liturgias

7º DOMINGO DO TEMPO COMUM

7º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Lv 19,1-2.17-18 / Sl 102 / 1Cor 3,16-23 / Mt 5,38-48

jesus rezaEm uma sociedade marcada por tanta violência e maldade, somos tentados a seguir a lei de Talião: olho por olho, dente por dente. Mas, como discípulos de Jesus, precisamos agir de modo diferente, orientados por Suas palavras que nos convocam a praticar uma justiça superior, não vinculada ao objetivo de vingança ou punição, mas orientada pelo amor e pelo propósito de salvação.


Ainda dentro do Sermão da Montanha, no propósito de propor um caminho novo aos discípulos, Jesus aprofunda o sentido da vivência do amor. O Antigo Testamento já entendia o amor a Deus e o amor ao próximo como sendo indissociáveis, não sendo possível um sem o outro. O livro do Levítico nos apresenta a exortação de amar o próximo como a si mesmo, por meio de gestos concretos, como: não procurar vingança, não guardar rancor e tampouco odiar o irmão.


Entretanto, na cultura da época, nem todos eram considerados o próximo a ser amado. Jesus inova ao convocar seus discípulos a um amor radical, que não se restringe às pessoas pelas quais temos simpatia ou das quais recebemos gestos de bondade. Ele nos propõe o amor aos inimigos, àqueles que nos perseguem ou nos prejudicam, superando a Lei de Talião. Essa lei, proposta no Código de Hamurabi (1.690 aC) e reproduzida em Lv 24,20, objetivava coibir a punição de forma desproporcional. Somente era permitida uma pena equivalente ao crime cometido. Entretanto, estimulava uma prática de retribuição do mal com o mal. Jesus apresenta uma proposta nova, na qual a prática do bem é o caminho para a superação do mal.


Jesus não nos propõe a passividade diante do mal e nem tampouco a concordância com as atitudes de maldade. Como o Senhor nos libertou de todo pecado em Sua morte e ressurreição, nossa missão é de combater o mal que existe no mundo. Mas para que isso aconteça, não podemos estimular ou provocar o mal, e sim espalhar o amor, para que o pecado não encontre mais espaço nos corações e no mundo.
Tanto no livro do Levítico, como nas palavras de Jesus, o objetivo da nossa ação é de nos assemelharmos a Deus: sermos santo como o Senhor é Santo. Por isso não podemos retribuir o mal com o mal, mas, como sinal de que somos semelhantes a Deus, praticar o bem para com todos, inclusive para quem nos faz o mal. Quem devolve o mal sofrido com uma atitude maléfica, torna-se semelhante àquele que o feriu. Mas aquele que pratica o bem, mesmo para aqueles que lhe fazem o mal, torna-se semelhante a Deus, que nos ama gratuitamente.


São Paulo, em sua primeira Carta aos Coríntios nos lembra que somos santuários de Deus, pois o Espírito Santo habita em nós. Cada pessoa deve ser vista como esta habitação do Altíssimo e deve ser respeitada e amada como Deus a ama. Mesmo o irmão que está imerso no pecado, e por isso, pratica o mal, deve ser amado, com o objetivo de libertá-lo dessa situação de morte espiritual. Odiar ou desejar o mal a quem está vivendo no pecado em nada contribui para sua salvação; pelo contrário, torna pecador também aquele que tem tais propósitos em seu coração.


Em nosso comportamento cotidiano, busquemos nos assemelhar cada vez mais ao Senhor, que é Santo, espalhando o amor em gestos de bondade. Assim alcançaremos a graça que São Paulo nos indica: sermos de Cristo e, em Cristo, sermos de Deus.

 

 

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