Comentários das Liturgias

2º DOMINGO DA PÁSCOA

2º DOMINGO DA PÁSCOA
At 2,42-47 / Sl 117 / 1Pd 1,3-9 / Jo 20,19-31

2oDomingoPascoaNa alegria do tempo pascal, celebramos a presença do Ressuscitado no meio de nós, que somos Sua Igreja, chamada a dar testemunho de fé ao mundo. O Evangelho nos convida a contemplar o encontro de Jesus com Seus discípulos que, por causa do medo, estavam fechados e isolados do mundo. Eles haviam superado o impacto da cruz e, movidos pela fé na ressurreição, estavam novamente reunidos. Entretanto, ainda era uma fé tênue, incapaz de fazê-los assumir a continuidade da missão de Jesus. O medo ainda era mais forte que o amor e a fidelidade ao Senhor. Jesus então fortalece sua fé, soprando sobre eles para conceder-lhes o dom do Espírito Santo.


Nesse gesto de Jesus contemplamos o Sacramento da Confirmação, como a efusão do Espírito Santo na vida do cristão, confirmando a fé recebida no Batismo. No início da vida da Igreja, quem ministrava os Sacramentos de Iniciação Cristã era o Bispo, legítimo sucessor dos Apóstolos. Com o aumento numérico dos catecúmenos, coube aos presbíteros a missão de batizar e permaneceu confiada ao Bispo a missão de confirmar na fé, com o Sacramento da Crisma.


O relato de São João nos mostra que Tomé somente teve sua fé confirmada quando estava reunido com a comunidade. Isso revela que a fé em Jesus Ressuscitado não é algo individual, nem uma disposição interior que se possa cultivar de forma isolada. A fé cristã é uma experiência eclesial, que somente é possível em uma vida de comunhão, no seio de uma comunidade. A Crisma é assim, o sacramento da eclesialidade. É o compromisso de ser membro do Corpo Místico de Cristo, a Igreja, como nos diz São Paulo, de ser pedra viva do edifício espiritual que é a Igreja do Senhor.


São Pedro, no início de sua carta, lembra-nos de que a fé em Jesus Cristo nos faz nascer de novo e nos concede a salvação. Lembra, porém, que a vivência dessa fé exige que enfrentemos aflições, provando nossa fé como o ouro é purificado no fogo. Essa fé, que nos é confirmada no Sacramento da Crisma, deve ser vivenciada no dia a dia, e devemos permanecer fiéis, mesmo que isso exija esforços e sacrifícios. Por isso esse é o sacramento da maturidade cristã. É na fidelidade ao projeto de Deus, a exemplo de Jesus Crucificado e Ressuscitado, que demonstramos o quanto a nossa fé é madura e capaz de nos sustentar diante das dificuldades.


Com esta maturidade, assumimos o compromisso de fazer com que a fé professada e celebrada se concretize em nossa vida. Por isso a Crisma confirma a missão sacerdotal, profética e real que recebemos no Batismo. A fé se torna missão, na vivência e no testemunho de uma nova maneira de ser e agir no meio do mundo. O livro dos Atos dos Apóstolos nos apresenta esse ideal de vivência da fé cristã, que impulsionava os primeiros cristãos e deve também nos animar hoje. Devemos perseverar nos ensinamentos dos apóstolos, isto é, na rica tradição de ensinamentos que a nossa Igreja conserva e nos transmite; na comunhão fraterna, vivendo em comunidade e construindo a civilização do amor; na fração do pão, isto é, na celebração da Eucaristia, como memorial da Páscoa do Senhor; e na oração, que nos sustenta na fidelidade ao Senhor. Assim, confirmados na fé, trilhamos o caminho de Jesus, colaborando na concretização do Seu projeto de amor, de comunhão e de fraternidade, confiado a nós, Sua Igreja.

Liturgias Anteriores

Previous Next
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8