Comentários das Liturgias

4º DOMINGO DA PÁSCOA

4º DOMINGO DA PÁSCOA
At 2,14a.36-41 / Sl 22 / 1Pd 2,20b-25 / Jo 10,1-10

4domingodapasoaA vida em comum, que experimentamos em nosso cotidiano, implica a tarefa de coordenação, confiada a um líder que deve se responsabilizar pelo bem comum. Isso acontece na família, na Igreja e nas diferentes instituições da sociedade. Essa tarefa de liderança deve ser exercida com amor, para que todos tenham vida em abundância. Diante dessa importância da liderança, a espiritualidade pascal nos convida a contemplar a presença de Jesus Ressuscitado na pessoa e na missão daqueles que assumem essa tarefa como uma vocação, visando a concretização do Reino de Deus. Por isso, Jesus se apresenta a nós como o Bom Pastor, que cuida de seu rebanho e o conduz no caminho da vida.


A figura do pastor na cultura judaica simbolizava a relação de cuidado e responsabilidade pelo rebanho. Já no Antigo Testamento, especialmente com o profeta Ezequiel (Ez 34), a figura do pastor foi associada aos líderes políticos e religiosos, que receberam a missão de conduzir o povo de Deus. Jesus retoma essa simbologia, denunciando a atitude dos que Ele chama de ladrões e assaltantes, que somente exploram e prejudicam o rebanho, e revela ser o Bom Pastor que conhece cada uma de Suas ovelhas pelo nome e é conhecido por elas. Ele conduz as ovelhas e elas O seguem, porque reconhecem Sua voz, que traz segurança, porque conduz no caminho da vida em plenitude.


São Pedro anuncia que, na morte e a ressurreição de Jesus, fomos resgatados do pecado e curados de nossas feridas. Deixamos de ser ovelhas desgarradas, perdidas no caminho do pecado e voltamos para o convívio e a proteção do verdadeiro pastor, que guarda a nossa vida. Assim se realiza o que diz o Salmo 22, apresentando Deus como modelo de pastor que conduz seu rebanho para as fontes da vida.


O próprio Jesus, cônscio da importância da liderança na vida do povo e da Igreja, escolheu os doze apóstolos como responsáveis pela missão e, entre eles, chamou Pedro para conduzir seus discípulos. Por isso, a Igreja lembra nesse domingo do Bom Pastor, a missão dos ministros ordenados, daqueles que receberam no Sacramento da Ordem, a graça para bem conduzir o povo de Deus. Os três graus distintos desse sacramento, diaconato, presbiterado e episcopado, indicam missões específicas: servir os pobres, presidir a comunidade, guardar a fé.


A espiritualidade da liderança, inspirada pela figura de Jesus, o Bom Pastor, deve fundamentar a missão dos ministros ordenados. Eles não são distintos na Igreja por serem superiores aos demais cristãos, mas porque assumiram o compromisso de tornar presente os gestos e palavras de Jesus. Devem, pois, ser a porta da vida e do encontro com o Ressuscitado. A missão dos ministros ordenados, à luz das três virtudes teologais, é de orientação, inspiração e proteção. À luz da fé, são chamados a orientar os cristãos no verdadeiro caminho de Jesus, para que somente Ele seja a porta por onde adentram na busca da vida e da felicidade. Movidos pela esperança, devem inspirar na comunidade uma busca constante de crescimento espiritual, de novos horizontes para as diferentes dimensões da vida. E vivenciando a caridade, são chamados a proteger aqueles que lhe são confiados, especialmente os mais necessitados material e espiritualmente.


Sentindo a presença e a proteção de Jesus, o Bom Pastor, somos chamados a imitar seu exemplo no relacionamento com nossos irmãos, especialmente quando nos é confiada a missão de liderança, seja na família, na comunidade ou na vida em sociedade.

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