Comentários das Liturgias
28º DOMINGO DO TEMPO COMUM
28º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Is 25,6-10a / Sl 22 / 1Ts 4,12-14.19-20 / Mt 22,1-14
A Palavra de Deus convida-nos a fazer a experiência do amor que Deus tem por nós, e nos perguntarmos se estamos aceitando seu convite para fazermos comunhão com Ele. Esse projeto divino de comunhão com toda a humanidade é expresso na imagem do banquete festivo.
São Mateus continua relatando o diálogo de Jesus com as autoridades de sua época, após sua entrada em Jerusalém, revelando os motivos que causaram a sua morte na cruz. Jesus conta a parábola do banquete de casamento aos chefes dos sacerdotes, as autoridades religiosas da época, e aos anciãos do povo, que detinham o poder político, fazendo-os refletir sobre sua recusa ao convite de Jesus para aceitar a vida nova.
A imagem do banquete como concretização da salvação, já encontramos no Antigo Testamento. O Salmo 22 proclama que o Senhor prepara uma mesa festiva em sua casa, e o profeta Isaias anuncia o banquete messiânico, que será oferecido a todos os povos no monte Sião, revelando o plano divino de oferecer a salvação para toda a humanidade. Esse banquete manifesta a fartura que supera toda forma de miséria e de fome; será também um banquete de libertação, de vida e de alegria, pois romperá todas as cadeias, eliminará a morte e enxugará todas as lágrimas.
Jesus, ao retomar a imagem do banquete, acrescenta que será uma festa de casamento, fazendo menção à nova e eterna aliança que veio realizar com toda a humanidade. Aliança esta que as autoridades dos judeus estavam recusando, as quais figuram na parábola como os convidados que rejeitam o convite para a festa. Em seguida, retomando a proposta da universalidade da salvação já anunciada por Isaias, Jesus mostra que, diante da recusa dos destinatários primeiros, o convite é estendido a toda a humanidade, simbolizada nas encruzilhadas e caminhos dos quais vem todos os convidados que enchem a sala da festa. Entretanto, Mateus acrescenta na parábola a necessidade do traje de festa. Não se trata de roupas elegantes, mas da justiça do Reino com a qual deve revestir-se todo aquele que deseja participar do banquete da vida. As imagens usadas por Jesus, descrevendo o destino dos que rejeitaram o convite e igualmente do homem sem o traje de festa indicam sofrimento; não um sofrimento imputado por Deus, mas resultado da consciência de ter rejeitado fazer comunhão com o Senhor.
Essa imagem do banquete nos lembra o banquete da vida eterna, preparado com amor por Deus e para o qual todos nós caminhamos. É a festa da eternidade na casa do Pai, que deseja reunir todos os seus filhos, sem exclusões. Entretanto, é preciso que nos preparemos, perseverando na comunhão com o Senhor durante a nossa vida. No uso correto da liberdade que recebemos do Senhor, precisamos vigiar para não recusarmos o convite divino para fazer comunhão com Ele, de modo especial na Eucaristia, o banquete da vida oferecido por Jesus e que antecipa o banquete eterno. Além disso, precisamos conservar o traje de festa, ou seja, a santidade que recebemos no batismo, por meio de uma vida alicerçada na justiça, na honestidade, no perdão, na solidariedade.
São Paulo, testemunhando que o amor de Deus nunca o abandonou, convida-nos a viver essa comunhão, reconhecendo que tudo é possível no Senhor que nos fortalece. Somos, pois, felizes, porque convidados a participar do banquete do Senhor. Fiquemos atentos para perseveramos na comunhão com Seu amor, não recusarmos Seu convite e nem perdendo o traje de festa.