Comentários das Liturgias

2º DOMINGO DA QUARESMA

2º DOMINGO DA QUARESMA
Gn 12,1-4a / Sl 32 / 2Tm 1,8b-10 / Mt 17,1-9

transfiguracao 04Escutar a voz de Jesus que orienta os nossos passos e nos dá a certeza de que caminhamos para a transfiguração da nossa vida e da nossa história no amor: este é o convite que Deus nos faz neste segundo domingo da nossa caminhada quaresmal. O chamado de Deus nem sempre é fácil, o caminho proposto por Jesus não é somente de alegrias e prazeres. Por isso precisamos ter clara a meta da nossa vida, para não nos desviarmos do verdadeiro caminho e não desanimarmos diante das dificuldades.


O relato da transfiguração, no Evangelho segundo São Mateus, está inserido na catequese sobre como ser discípulo de Jesus. Diante da verdadeira identidade de Jesus, que se revelou como o Messias Servo, com a missão de oferecer a própria vida no sacrifício da cruz, os discípulos, na pessoa de Pedro, reagem de forma negativa, rejeitando esse caminho. Jesus então inicia sua catequese sobre o caminho do discipulado, que passa pela cruz, mas que tem como ponto de chegada a vitória do amor na glória de Deus.


A experiência da transfiguração é um sinal da manifestação da glória divina. No alto da montanha, o local bíblico do encontro com Deus, Jesus tem sua aparência humana transformada, revelando antecipadamente a vida nova da ressurreição. Sua missão de Messias Servo é confirmada pelo testemunho de Moisés e Elias, ou seja, pela Lei e pelos Profetas. Jesus assim, insere-se plenamente na história do povo de Deus, revelando ser o Messias prometido. E ainda mais, tem sua identidade e missão atestadas pelo próprio Deus, que O reconhece como Filho Amado, convocando os discípulos a ouvir a Sua voz.


Aos discípulos que ficaram assustados com o anúncio da paixão, que estavam rejeitando a proposta do amor que leva à entrega da própria vida, Jesus revela que a cruz não é o ponto final. O destino certo é a glória de Deus, a celebração da vitória do amor, pois Deus não nos oferece um caminho que leva a morte. Pode ser que o caminho seja exigente, mas o Senhor garante que o ponto de chegada é a vida. É o que podemos contemplar no chamado que Deus fez a Abrão, pois não foi fácil largar tudo e colocar-se a caminho, sendo já idoso e sem filhos. Mas Abrão confiou na Palavra de Deus, que lhe garantia uma descendência e a paternidade de seu povo amado. Como nos ensina São Paulo, o Senhor nos salvou unicamente por sua graça e nos chamou para uma vocação santa.


Com esta liturgia, a Igreja convidava os catecúmenos, que se preparavam para o Batismo, a ouvir a voz de Jesus e seguir seus passos, como Abrão. E mesmo que enfrentassem cruzes no caminho, lhes era dada a certeza de que a vitória já estava garantida por Jesus, que destruiu a morte e fez brilhar a vida em sua ressurreição, como nos ensina São Paulo. A nós, hoje, essa Palavra de Deus convida a abrir o coração para ouvir a voz do Senhor que nos chama, como chamou Abrão, como chamou Paulo e Timóteo. Precisamos permanecer firmes na proposta do Senhor, mesmo que tenhamos que enfrentar cruzes pelo caminho, mesmo diante de perseguições e tribulações, pois o Senhor não nos chama para a morte. Ele nos dá a certeza de que o ponto de chegada da nossa vida, se permanecermos fiéis a essa vocação, é vitória do amor, da vida, da paz, na glória da ressurreição.

 

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