Comentários das Liturgias

FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
Dn 7,9-10.13-14 / Sl 96 / 2Pd 1,16-19 / Mt 17,1-9

transfiguracaoA Festa da Transfiguração do Senhor é sempre celebrada no dia 06 de agosto, e também é chamada de Festa do Senhor Bom Jesus, trazendo o convite para nos deixarmos transfigura pela Palavra e pelo amor de Deus, renovando a certeza da nossa vitória com Jesus Ressuscitado, para podermos transfigurar a vida dos nossos irmãos e também a realidade que nos cerca.


O episódio da transfiguração é narrado pelos três Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e acontece no meio da caminhada de Jesus, da Galileia para Jerusalém. Sabemos que, neste caminho, Jesus orienta seus discípulos sobre sua origem divina e sobre sua missão. Por isso, o momento da transfiguração é como um retiro espiritual, para que, acolhendo a Palavra de Deus, os discípulos compreendam que Jesus é o Messias, mas que vai trilhar de doação da vida no sacrifício da cruz. Há, pois uma relação entre a transfiguração e a Paixão, pois os três discípulos que sobem a montanha com Jesus são aqueles que O acompanharão no momento de oração e da prisão, no Horto das Oliveiras.


Toda a narrativa da transfiguração indica uma teofania, uma manifestação de Deus. A montanha, mais que um lugar geográfico, é um lugar teológico, ou seja, é o lugar do encontro com Deus. Os sinais que indicam a transfiguração, o brilho do rosto e a luz, revelam a Sua origem divina. A presença de Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas mostram que Jesus é o Messias prometido no Antigo Testamento. Ele vem para cumprir as promessas feitas ao povo de Israel, como vemos na profecia de Daniel, a qual anuncia a vitória de Deus sobre aqueles que oprimiam o povo naquela época, convidando a contemplar a glória de Deus Pai e a vitória de Jesus, o Filho do Homem, o Salvador.


Pedro, junto com os outros discípulos, faz uma profunda experiência de Deus, e por isso quer fazer tendas, para permanecer na montanha, na presença de Deus. Esse momento místico é plenificado com a voz do Pai que, do meio da nuvem, sinal da presença divina, reconhece Jesus como Seu Filho amado, e pede que escutemos sua voz, como relatou São Pedro em sua Segunda Carta. Os discípulos experimentam o assombro diante do sagrado, que os faz cair por terra. Jesus ampara-os, para que não tenham medo, e desce com eles a montanha, continuando sua caminhada para Jerusalém.


Como Pedro, Tiago e João, nós hoje somos convidados a reservar um tempo de nossa vida para subir a montanha, ou seja, para nos colocarmos diante do Senhor em oração, deixando que o Senhor nos transfigure em Seu amor. Também precisamos aprender a ouvir mais intensamente a voz de Deus, acolhendo Sua Palavra que revela Sua santa vontade e nos indica o caminho a seguir, para assim podermos transfigurar o mundo ao nosso redor. Por isso, precisamos compreender que a nossa fé em Jesus Cristo não pode ser reduzida a uma relação intimista e individualista, que nos afaste da missão. A verdadeira espiritualidade cristã não nos afasta do mundo, não nos mantém na montanha, como desejava Pedro, mas nos faz descer a montanha com Jesus para doar a nossa vida em gestos de amor. E por fim, as palavras de Jesus, não tenhais medo, convida-nos a renovar a nossa fé na vitória da vida e do amor. Mesmo que enfrentemos cruzes e tribulações, seremos transfigurados na graça divina, participando da ressurreição de Jesus.

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