Comentários das Liturgias

19º DOMINGO DO TEMPO COMUM

19º DOMINGO DO TEMPO COMUM
1Rs 19,9a.11-13a / Sl 84 / Rm 9,1-5 / Mt 14,22-33

amor de deusA nossa existência humana é marcada por momentos de forte tribulação, quando nos deparamos com nossas limitações ou enfrentamos dificuldades. Nesses momentos, somos sustentados pela nossa fé na presença amorosa e auxiliadora do Senhor. Ter fé não significa que não enfrentaremos tribulações, ou que não sentiremos medo diante do desconhecido ou daquilo que nos ameaça. Quem tem fé permanece unido ao Senhor, e alcança a mão de Deus, que está sempre estendida para nos socorrer em nossas necessidades. É essa mão divina atuante em nossa história que nos dá forças para vencer o medo e enfrentar as tribulações da vida.


Essa experiência de medo diante das tribulações e a certeza da presença divina na história humana, nos revela a liturgia deste domingo. São Mateus narra que, após ter saciado a fome da multidão, na festa da partilha, Jesus mandou que os discípulos atravessassem o mar da Galileia e retirou-se para rezar. Com isso, queria evitar que seu coração, e dos discípulos, se deixasse dominar pela tentação da popularidade. Por isso os envia para anunciar o Reino também aos pagãos. Isso foi um desafio que abalou os discípulos e a comunidade de Mateus, uma experiência de ventos contrários. No meio desta tempestade que abalava a barca, símbolo da comunidade, Jesus vai ao seu encontro, caminhando sobre as águas, mas eles não o reconhecem, pensando ser um fantasma, pois o medo era mais forte que a fé.


O gesto de caminhar sobre as águas é uma manifestação da divindade de Jesus, pois somente Deus, Senhor de toda a criação, pode fazê-lo. Pedro duvida se era Jesus e pede uma prova que vai além de sua condição humana. Por isso, quando sentiu o vento, experimentou sua fragilidade e começou a afundar. Sua fé, porém, não desapareceu, e ele clamou ao Senhor, que logo lhe estendeu a mão e o salvou.


Essa experiência de Deus que se faz presente em nossa história, nos socorrendo em nossas tribulações, nós contemplamos na vida do profeta Elias. Depois de ter enfrentado os profetas de Baal, que estavam desviando o povo da Aliança com o Senhor, Elias foi perseguido por Jezabel, a esposa do rei Acab, que introduzira a idolatria de Baal entre o povo. Obrigado a fugir do Reino do Norte, o profeta peregrina até o monte Horeb. Esta caminhada representa o retorno às origens da fé, que o povo estava deixando enfraquecer por causa dos deuses estrangeiros. No mesmo monte onde Deus selou a Aliança por meio de Moisés, Elias faz a experiência da presença do Senhor em sua vida e missão. O vento forte, o terremoto e o fogo representam as situações e realidades humanas fantásticas e imponentes. Deus, entretanto, não se manifesta dessa forma. A brisa suave indica que Deus se faz presente em nossa vida de forma contínua e sutil, como uma suave brisa. Feliz aquele quem tem uma fé sólida e bem fundamentada, porque é capaz de perceber essa presença divina em sua história.


Por mais que tenhamos fé, não estaremos livres de enfrentar dificuldades, como vemos no testemunho de São Paulo, que foi rejeitado e até a perseguido por seus irmãos de origem judaica, por causa de sua fé em Jesus. Também nós enfrentamos muitas tribulações em nossa vida, materiais ou espirituais. Mas, se estivermos unidos a Deus pela oração, percebemos Sua presença suave como a brisa, Sua mão estendida em nossa direção, para nos libertar das dificuldades nas quais estamos afundando.

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