Comentários das Liturgias

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Is 55,6-9 / Sl 144 / Fl 1,20c-24.27a / Mt 20,1-16a

25oDomingoComum filhosDoMundoMaisEspertosFilhosDaLuzCada um tem o que merece: esse pensamento imperfeito impera em nossa cultura e influencia a maneira de nos relacionarmos com os irmãos. É a justiça da meritocracia, que se fundamenta nas conquistas de cada um e justifica a realidade de exclusão social, afirmando que cada um recebe a partir do seu merecimento. Mas o pensamento de Deus difere desse pensamento humano, como adverte Isaías e como nos ensina Jesus com a parábola dos trabalhadores da vinha.


A questão da justiça é um tema fundamental para o Evangelho de Mateus. No momento de seu batismo, Jesus proclama a João Batista que é preciso que a justiça seja cumprida em sua plenitude. E, no Sermão da Montanha, ao apresentar a Nova Lei, Jesus adverte os discípulos de que eles devem praticar uma justiça superior a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus. Para estes, a justiça era simplesmente o cumprimento da Lei, especialmente as normas de pureza; assim era considerado justo quem observava rigorosamente a lei do puro e do impuro. Essa concepção gerava uma grande massa de excluídos, aqueles que não conseguiam observar todas as normas e portanto, não eram considerados merecedores da graça divina.


Com a parábola dos trabalhadores da vinha, Jesus revela que o fundamento da justiça do Reino não está nos méritos humanos, mas na bondade e na compaixão, tendo como objetivo a promoção da vida em plenitude. Seguindo a lógica humana do merecimento, aqueles que trabalharam o dia inteiro deviam receber mais do que os trabalhadores que chegaram no final do dia, ou, então, estes deviam receber bem menos em proporção aos que começaram a trabalhar às seis da manhã. O dono da vinha, no entanto, concede a todos o mesmo pagamento, uma moeda de prata, que representava o mínimo necessário para viver com dignidade.


A reação de quem trabalhou o dia inteiro é compreensível a partir da lógica humana do merecimento. Eles se sentiram injustiçados, porque pensavam merecer receber mais. Entretanto, segundo a lógica do Reino, todos os trabalhadores receberam o que necessitavam para viver com dignidade naquele dia. Isso revela que a graça divina nos é concedida de modo gratuito, com o objetivo de conceder a vida em plenitude, seguindo o critério da bondade divina, e não a partir dos nossos méritos, pois Deus concede o que necessitamos, e não o que merecemos.


Deus, portanto, não segue o modo de pensar humano, o qual gera a exclusão e a marginalização daqueles que são consideramos sem mérito. O pensar de Deus é qualitativamente superior, como nos advertiu o profeta Isaías, ao revelar que os caminhos e os pensamentos de Deus estão tão distantes dos caminhos e dos pensamentos humanos quanto o céu está distante da terra.


Somos pois, interpelados a nos deixar guiar pela justiça de Deus, para que assim vivamos em consonância com o Evangelho. Este foi o testemunho de São Paulo o qual, ao final de sua vida, reconhece que, seja na vida ou na morte, o mais importante é viver a altura do Evangelho de Cristo, sendo fiel aos seus ensinamentos. Esse deve ser também o nosso propósito, de buscarmos, acima de tudo, cumprir a justiça do Reino, pois, da mesma forma como desejamos que Deus nos conceda as graças que necessitamos e não somente as que merecemos, também nós, devemos nos relacionar com o irmão não a partir do que ele merece, mas do que ele necessita para viver com dignidade.

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