Comentários das Liturgias
SOLENIDADE DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO - Missa do Dia
SOLENIDADE DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO - Missa do Dia
Is 52,7-10 / Sl 97 / Hb 1,1-6 / Jo 1,1-18
Natal é a festa da encarnação do nosso Deus, que vem ao nosso encontro trazendo a salvação para toda a humanidade. Deus assume a nossa carne, ou seja, a nossa condição humana. Ele se faz igual a nós em tudo, exceto no pecado, para nos libertar de todo pecado. Por isso, enquanto a liturgia da noite do Natal nos convida a contemplar, com a mesma humildade dos pastores, a cena singela na gruta de Belém, a liturgia do dia do Natal nos convida a meditar sobre a manifestação divina, no gesto amoroso da encarnação.
O Evangelho proclamada nesta liturgia é o prólogo do Evangelho segundo São João. Em sua narrativa sobre Jesus Cristo, São João faz uma profunda meditação sobre Sua divindade. O prólogo é como que um resumo de tudo o que vai ser revelado sobre o Salvador nos capítulos seguintes. E o primeiro versículo já é uma profissão de fé na origem divina de Jesus: Ele é a Palavra ou o Verbo de Deus, que existia antes de tudo e pelo qual tudo foi feito.
Palavra, em hebraico "dabar", é mais do que uma articulação de letras ou de sons; é a expressão da interioridade daquele que fala. Por isso os primeiros versículos da Carta aos Hebreus nos ensinam que Deus falara muitas vezes e de muitos modos por meio dos profetas. Deus sempre orientou seu povo, revelando seu projeto salvífico, mostrando seu plano de amor. Mas a revelação plena aconteceu em Jesus Cristo, a Palavra Encarnada. Jesus é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser, ou seja, Jesus é a revelação plena da interioridade de Deus. Assim, é chamado de Verbo Divino, pois é o próprio ser divino que se revela de modo perfeito. O mistério da encarnação é o início da manifestação do mistério da Santíssima Trindade, que se tornará pleno na efusão do Espírito Santo.
Jesus é o próprio Deus, a interioridade do Ser Divino, que se revela de modo definitivo. Deus sempre se revelou como um ser aberto e dialógico, que não se fecha em si mesmo, mas se volta para fora, num profundo gesto de amor. Se a criação do universo foi o início dessa revelação, que aprofundou-se nas palavras inspiradas que os profetas proclamaram, em Jesus Cristo esse revelar-se de Deus tornou-se completo. Em Jesus nós contemplamos a glória divina, porque Ele se aproximou de nossa condição humana.
São João nos diz que o Verbo Divino se fez carne e habitou entre nós. Ele armou sua tenda no meio da humanidade, veio ao encontro dos homens para trazer a salvação. É a realização, na plenitude, das palavras do profeta Isaías, que bendiz os pés do mensageiro que vem para trazer a salvação e a paz. Esse mensageiro tão esperado pelo povo somente pode ser reconhecido na pessoa de Jesus, o enviado do Pai que vem nos trazer a salvação.
A celebração do Natal é um convite para acolhermos em nosso coração esse mensageiro da salvação e da paz. Ele quer armar sua tenda em nossa vida, em nossa história, revelando seu projeto de amor. Acolhendo o Senhor que se manifesta plenamente a cada um de nós, podemos nos colocar a serviço desse plano de amor, sendo também nós, mensageiros do amor divino, conduzindo o Senhor ao mundo. Assim Ele poderá armar sua tenda em nossos lares, armar sua tenda de amor e de paz em toda a nossa sociedade.